segunda-feira, 30 de outubro de 2017

infinitum nihil




infinitum nihil

Introdução sem nexo ou filosofia antes do café da manhã...

As histórias constroem-se, a partir da realidade efectiva, e daquela que é sonhada, tendo como panos de fundo uma espécie de mistura enevoada entre o que é, ou foi, e o que quisermos que seja, ou tivesse sido, ou outra coisa qualquer.
Construímos por isso algo que outro nome não tem se não uma mentira, como um romance que liga no mesmo fio condutor tudo o que não são outra coisa que histórias inventadas a partir da irrealidade delirante da nossa mente perturbada. Da minha, pelo menos.
Na criação fotográfica, também esta miríade de ideias, por entre a memória do que fomos e a memória do que queríamos que fosse, se une num conjunto mais ou menos (d)estruturado de partículas de luz, agrupadas num molhinho, coladas umas às outras, ou num álbum, que colamos de forma mais ou menos (ir)realista numa parede de pedra esboroada, segundo uma (de)ordem que julgamos saber ou desmontamos de forma a criar uma realidade alternativa, feita de luz quase monodimensional, em que desarranjamos a organização pré-determinada da luz captada, real, em outro algo que, não deixando de ser real nos leva para outra pluridimensionalidade, para outras formas ou texturas, ou outra interpretação do mesmo nada, que foi afinal o que ousamos captar quando inocentemente forçamos a luz a entrar para dentro da geringonça de escrever fotografias.

Infinitum nihil, nada mais que uma série construída com o propósito de desviar a atenção, um caminho de luz enegrecido, porventura apocalíptico, perturbadoramente sem luz, feito com os mesmos nadas, como a fotografia de um cão que passa, de uma jarra, de louça por lavar na banca, ou de umas peúgas de ontem prostradas no chão. 
Sem sequência lógica.
Sem nexo.




              

         

 

  





 
 





  

  



  

 






 







DAS ENDE